Faculdade de Medicina da UFRJ curso Terapia Ocupacional

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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Entrevista com a Terapeuta Ocupacional

Rosana Alves

Onde se formou: Na FRASCER
Possui outros cursos: Não
Especialização: Pós graduação em Psicomotricidade e formação em terapia Sistêmica de Família.
Onde trabalhou e trabalho atual. Trabalhei na Polícia Militar do Rio de Janeiro no centro de reabilitação de dependência Química, 12 anos em hospital psiquiátrico e estou há 16 anos trabalhando da prefeitura da cidade do Rio de Janeira, na secretaria de saúde e há 3 anos na sec da pessoa com deficiência. Tb trabalho na Ortopedia Follow Up, com amputados, na grande maioria de membros inferiores.


Primeiro, gostaria de saber especificamente qual o perfil dos pacientes que a senhora atende (renda, patologias, idade e gênero) ?

Bem, na prefeitura tanto na matrícula da saúde quanto da sec. da pessoa com deficiência, na grande maioria são pessoas de baixa renda, na sec, da pessoa com def, trabalho na Reabilitação Social Baseada na Comunidade, na saúde com dispensação de cadeiras de rodas e outros meios de locomoção.
Na Follow Up, a clientela já é mais diferenciada, pois são pessoas que pagam até R$100.000,00 por uma prótese e R$75.000,00 por uma órtese. Bem a patologia são distintas, na prefeitura a grande maioria é neurológica vai de crianças até adultos, há tb por diabetes, doenças vasculares, acidentes automobilísticos e por P.A.F.
A maioria das pessoas que atendo amputadas, são homens, acima de 50 anos, diabéticos ou com doença vascular, os jovens na maioria das vezes são por acidente de moto.

Como relatei no e-mail anterior, é de meu interesse a área da reabilitação, por favor descreva quais os recursos (materiais) utilizado em seus atendimentos ?

Na prefeitura (saúde) eu trabalho avaliando e mensurando as pessoas para poder indicar o melhor equipamento disponível, meu material de trabalho é uma fita métrica. No RBC, faço orientações, mensura para indicação de equipamentos e fazemos oficina terapêutica, ali temos material para artesanato, caixas de madeira, tintas, para tecido, vidro e madeira, pincéis e todo material necessário para a oficina proposta.
Na Follow Up, trabalho mais com exercícios terapêuticos, tenho bolas, escada, rampa, paralela, pois ensino e treino com o paciente o correto uso da prótese,como colocação, cuidados com a higienização da mesma, marcha, subir e descer escada e rampa, se vestir e despir e realizar as atividades do cotidiano. uso o espaço externo, como andar na rua. Para trabalhar com amputados de membro superior e usa prótese computadorizada, o início do treino é realizado com um computador que tem um programa próprio para iniciar o treino antes mesmo de colocar a prótese.

Obs.: Com essa informação irei, posteriormente me aprofundar em cada recurso, atrás de variações e fotos para o melhor entendimento dos demais, por isso a importância do detalhe desses materiais.


Continuando. Além dos recursos (materiais), quais outros recursos como pessoal e profissional, são necessário para determinado tipo de paciente?

Na saúde eu trabalho só, no RBC tem uma assistente social e uma psicóloga na equipe e 3 terapeutas ocupacionais.
Na ortopedia, trabalho só, mas tenho a equipe de apoio que são os ortesistas protesistas, pois alinhamento e ajustes necessários nas próteses quando necessito, são eles que realizam. Eu detecto o problema e eles solucionam. Não existe o ajudante de Terapia Ocupacional.


Descreva alguma coisa de extrema importância dentro da área da reabilitação, que não foi abordado em nenhuma pergunta, que a senhora gostaria de acrescentar.

A necessidade constante do profissional estar se atualizando, pois é uma área muito ampla e com muitas intervenções do terapeuta ocupacional. É importante termos em mente que não existe essa coisa que o terapeuta ocupacional só atende membros superiores, livros da década de 70 falam do trabalho do terapeuta com membros inferiores, principalmente na literatura inglesa. Nós tratamos do sujeito como um todo e não por partes.


Quais são suas maiores dificuldades, que a senhora encontra na área da terapia ocupacional ?

Infelizmente as vezes os próprios profissionais terapeutas ocupacionais, quando dizem que não tratamos membros inferiores, qdo por não saberem atender inelegem pessoas que muito se beneficiariam com o tratamento da Terapia Ocupacional. Temos que mostrar nosso profissionalismo e cientificidade, só assim teremos respeito, pois caso contrário sempre terá um outro profissional dizendo que fazem o que fazemos e as pessoas as vezes não querem se tratar por acharem que não precisam se ocupar, e se não soubermos realmente nos apresentarmos e oferecer uma proposta terapêutica que atenda as necessidades da pessoa e que ela entenda o porque de tudo que faz, certamente venceremos barreiras.

Agora, o que há de mais gratificante no seu trabalho ?

É poder de verdade fazer diferença da vida das pessoas, é poder mostrar a elas o que ainda existe de potencial, mesmo que seja algo bem simples, mas que faça diferença em sua vida e de seus familiares e ou acompanhantes.


Mais uma vez agradecer a atenção, sua colaboração, que é de extrema importância para nós, futuros terapeutas ocupacionais, em nome de todos da turma, gostaria de agradecer muito sucesso na sua carreira.

Obrigada
Atenciosamente.

Gabriela Carmo